segunda-feira, 14 de março de 2011

Artes Marciais Chinesas enfrentam o século 21

Pelas evidências históricas, aparentemente a China possui a mais antiga cultura marcial em evolução do mundo. Então foi sem sombra de dúvidas uma grande decepção saber que o Comitê Olímpico proferiu, quem em outubro de 2006, as Artes Marciais Chinesas (Wushu) não seriam aceitas como uma modalidade nas olimpíadas de 2008. É especialmente decepcionante quando se percebe que nas origens de duas modalidades marciais olímpicas asiáticas, Judo e Taekwondo, pode se traçar, pelo menos em algum grau, as artes marciais chinesas tradicionais.

Artes marciais sempre foram um elemento importante na cultura chinesa mesmo nos primórdios da história registrada. Muitas das características manifestadas nas artes maricias e sua importância na sociedade, acompanharam em um grau ou outro, por todo o caminho até o século 21. No entanto, até muito recentemente, pesquisas sérias e profundas neste campo foram mínimas na China, sem mencionar outros lugares. Além disso, essa percepção foi colorida por muitas imagns publicadas em novelas populares no século 19, mitos de Sociedades Secretas e grupos praticantes de religiões heterodoxas.

Agora, já se encaminhando a primeira década dentro do século 21, as artes marciais chinesas continuam a ser praticadas em vários estádios pela China: oficialmente patrocinados, em performances competitivas padronizadas de Wushu; exercícios para a saúde padronizados como o Taijiquan; treinamentos de estilos tradicionais de artes maricias voltados à defesa pessoal , educação geral no âmbito das arte marciais (as pessoas tendem a nutrir esperanças de entrar na indústria do entretenimento, possivelmente trabalhando como segurança pessoal/ guarda costas, e adiante). Existem professores e escolas de artes marciais praticamente em toda a China. De acordo com um relatório em agosto de 2006, a cidade de Dengfend, nas vizinhanças do Monastério Shaolin, se vangloriou de ter 83 escolas de artes marciais com mais de 50000 discípulos nativos e estrangeiros.


Mas, ao contrário de toda essa atividade, os fatos são que o Japão e a Coréia já venceram a China por um lugar nas Olimpíadas. É interessante que os Japoneses escolheram introduzir o Judo nas Olimpíadas como seu esporte nacional ao invéz do Karate. A razão mais provável é a de que o Judo seria mais antigo que o Karate. O Judo foi desenvolvido das práticas de jujutsu, que podem ter suas origens rastreadas até o final do século 17 e começo do século 18. E, pelo menos uma das mais antigas escolas de jujutsu, Kitoryu, admitiu abertamente que sua escola foi influenciada por seu compatriota, Chen Yuanyun, além do produto final do Judo que foi sem questionamento "made in Japan". O Karate só pode traçar sua origem até sua introdução de Okinawa na década de 1920, e os Okinawanos admitem abertamente que aprenderam Karate através do contato com a China (décade de 1760), através do chamado "Tode", ou Mãos de Tang (referência à dinastia da China). Quanto ao Taekwondo, mesmo estando sem questionamento,  profundamente em débito com o Karate japonês, os créditos vão aos coreanos por sua habilidade em "coreanizar" e comercializar o Taekwondo durante um período de forte nacionalismo seguinte à WWII. Também, com a entrada dos japoneses com o Judo, foi deixada uma porta aberta aos coreanos para entrar com o Taekwondo.

Com relação à China, que possui a cultura marcial mais antiga em evolução do mundo, onde o Karate, Judo e o Taekwondo devem variados graus de gratidão, alguém pode apenas dizer, "aquele que hesitar está perdido". O que aconteceu com a China? Aparentemente o fator que mais contribuiu com a sobrevivência das artes marciais chinesas pelos séculos também está na raíz da dificuldade em entrar nas Olimpíadas -- o conservacionismo chinês, o sistema sócio político voltado apenas internamente durante muito tempo em sua longa história e daonde a China apenas começou a emergir na década de 1980, com a política de abertura de Deng Xiaoping. Como resultado, a China estava diversas décadas atrás da Coréia do Sul em relação ao ajustamento global, enquanto que agora caminha a passos largos. Os chineses acordaram muito recentemente para as implicações da perda deles com as artes marciais. Claro, a falha em entrar para as Olimpíadas não significa o fim das artes marciais chinesas, mas foram um enorme desapontamento e, de um jeito ou de outro, irão fazer com que as Olimpíadas continuem uma questão aberta.

Então, onde as artes marciais chinesas irão deste ponto para sobreviver na China moderna e encontrar seu nicho na cultura global, dois aspectos inter relacionados na sociedade moderna? No mínimo, a direção tomada deve satisfazer o desejo dos jovens, ambos dentro e fora da China, para competir e serem reconhecidos. Dentro da China, também deve atrair a maior porção da comunidade das artes marciais, o que significa que os praticantes de todos os estilos devem poder competir. Para assegurar que isso aconteça será necessário que se desenvolva um programa de treinamento para aplicar totalmente a teoria das artes marciais chinesas e habilidades (chutes, socos, apresamento/ agarramentos, arremessos), e para determinar as regras e trajes protetores para competições.

Visando programa em nível amador que é similar com as Mixed Martial Arts (MMA). Todos os participantes seriam exigidos a ter uma padronização, fundação básica em wrestling chines (Shuaijiao). O treino de Shuaijiao iria providenciar a experiência necessária em contato total no uso de apresamentos/ agarramentos, projeções e técnicas de queda.Com a fundação certificada, o indivíduo seria aceito para competir indiferentemente de qualquer estilo de arte marcial praticado, que iria suplementar as habilidade de Shuaijiao e adicionar chutes e socos. Para facilitar a liberdade de movimentos, equipamento de proteção mínimo deverá ser adotado, assim como no estilo do MMA, e não no estilo regular, com luvas de boxe, Esta seria uma forma avançada de Sanda, similar ao MMA.

Apenas depois de desenvolver um procedimento largamente internacional as artes marciais chinesas terão uma chance de serem aceitas como um esporte olímpico. Isto irá requerir muitos anos, mas existe uma boa chance se a comunidade mostrar esforços unificados para assegurar este sucesso. Sendo otimista, mesmo que as artes marciais chinesas não forem aceitas como um esporte oficial com as características chinesas para as Olimpíadas de 2009, a porta ainda estará aberta no futuro. Na verdade, as artes marciais chinesas tem uma oportunidade de voltarem ao seu lugar como fonte dos esportes marciais de mãos livres do leste asiático se desenvolver um programa como foi descrito acima, o que iria além tanto do Judo quando do Taekwando, e retornando ao conteúdo tradicional, combinando todas as quatras técnicas básicas de chutes, socos, arremessos e apresamentos.

Texto de Stanley E. Henning
fonte:kuoshubr